Tema 1 - Educação Digital e Ecossistemas de Aprendizagem em rede

 

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Foi rico o nosso debate no fórum.
As sucessivas provocações reflexivas do professor conduziram-me, conduziram-nos, a novos olhares, novas apreensões e mesmo inquietações.
Porque a Educação, digital ou analógica, em diferentes ambientes, ancoradas em pedagogias distintas, deve incentivar à indagação, à multiperspetiva...


Equações pessoais sobre o Tema 1
Ponto de partida: - compreender a importância da Educação Digital e dos Ecossistemas Digitais em Rede como espaços onde coabitam diferentes ambientes de aprendizagem.

O que é um Ecossistema de Educação Digital, como se pode desenvolver, quem são os seus "habitantes", que ambientes podem ser criados, que configurações pode assumir?


Ao longo do período inicial de leituras encontrei-me num primeiro momento de clarificação e apropriação de conceitos em concordância com as propostas apresentadas de exploração e debate para este 1º tema.

Assim…

Educação digital – processo de ensino-aprendizagem enriquecido por tecnologias digitais, que pode ou não estar interligado por redes de comunicação. É pautado por uma interação entre atores humanos (professores e alunos a que acrescentaria técnicos, / especialistas) e não humanos, que coexistem e estão em comunicação direta e em que nada se passe com um que não afete o outro (Moreira, 2020a).

Ecossistema de educação digital – complexo dinâmico e sinergético de comunidades digitais com suas conexões, relações e dependências situadas em ambientes digitais, que interagem como unidades funcionais e são interligadas através de ações, de fluxos de informação e de transação (Moreira, 2018).

Num Ecossistema de Educação Digital, como outros colegas mencionaram, habitam em interação os atores humanos (professores e alunos) e não humanos (conteúdos digitais) sendo necessário o ambiente tecnológico que permite a interação.

Clarificados os conceitos operatórios, centremo-nos agora no segundo nível das questões colocadas e que se situam sobre a operacionalização.

Os ambientes que podem ser criados têm, antes de mais, de possuir uma intencionalidade pedagógica, fazerem sentido no processo de aprendizagem. Não basta utilizar as tecnologias digitais porque sim, porque é “moderno”. A tecnologia digital deve ser usada em função da pedagogia e esta deve também centrar-se no aluno, deixando este de ser um mero recetor passivo do conhecimento (ouço esta frase desde que comecei a ser professora – 1988!). Mas deve centrar-se no aluno quando for pertinente pedagogicamente. No fórum de discussão foi levantada pelo professor, a possibilidade, que concordo e partilho, da existência de certos momentos da aula se centrar noutros focos, no professor, nos conteúdos, nas ferramentas. É esta dança constante que anima a sala (física, virtual) e lhe confere riqueza.

O que une esta dança? Metaforicamente falando, a música que enlaça os agentes é a comunicação.



(post do professor Moreira numa intervenção que fiz no fórum)


Um dos pilares do processo educativo, independentemente do ambiente, é a comunicação, empática diria o saudoso Holmberg. Entre agentes humanos e não humanos (conteúdos digitais, tutores virtuais ou agentes virtuais).

Há momentos na educação onde o centro está no professor, depois nos alunos, nas tecnologias, num continuum circular, se necessário.

A frase "a pluralidade das formas e das modalidades de aprendizagem" interpreto-a também à luz de Anderson e Dron... (será?) onde as diferentes gerações de pedagogia comungam do mesmo ambiente e não se excluem...

a interação em educação a distância move-se para além de consultas individuais com professores (pedagogia CB) e das interações em grupo e limitações dos ambientes virtuais de aprendizagem, associadas à pedagogia construtivista de educação a distância. A presença cognitiva é enriquecida pelas interações periféricas e emergentes em redes, em que ex-alunos, profissionais praticantes e outros professores são capazes de observar, comentar e contribuir para a aprendizagem conectivista.(Anderson&Dron, p. 126,127).

O uso da tecnologia digital faz sentido enquadrado numa tríplice perspetiva: (i) aprendizagem centrada no aluno e que seja mais personalizada, individualizada e flexível; (ii) aprendizagem assente na interação / colaboração /cooperação e na promoção da criatividade e (iii) ajudar a construir / partilhar conteúdos digitais (REA), dentro da filosofia da educação aberta, sendo que ao aluno não deverá basta ser um consumidor de conteúdos, ele deverá ser também um construtor. Creio que esta componente prática potencia as aprendizagens, tornando-as significativas (neste momento os meus alunos de 10º ano encontram-se a criar infografias com recurso ao canva cujo propósito é atraírem turistas para visitarem uma determinada catedral gótica).

Que configurações devem possuir os ambientes? As que servirem a intencionalidade pedagógica, como já referi. Neste sentido, partilho da convicção de que ambiente “ideal´” será o híbrido, aquele que potencializa ações e interações entre AH e ANH, por meio de tecnologias analógicas e digitais integradas, em espaços urbanos (geográficos) e espaços pós-urbanos (digitais, formados pelas redes sociotécnicas), nos quais a presencialidade pode ser física ou digital, envolvendo diferentes culturas. (Schlemer& Moreira, 2019). Qual o tempo a usar para cada ambiente? Isso deve ser definido pelo professor no seio da sua autonomia pedagógica. Mais uma vez, o que faça sentido para que os nossos alunos APRENDAM.

Podemos falar de modelos existentes (Christensen Institute) que promovem uma aprendizagem híbrida ("a pluralidade das formas e das modalidades de aprendizagem" referida anteriormente). Neste sentido, falamos dos que são sustentados por uma maior relação com o local físico (sala de aula), os modelos de rotação (rotação por estações, laboratório rotacional, sala de aula invertida, rotação individual e aqueles que serão mais disruptivos, não dependendo da sala de aula “tradicional” (flex, a la carte e virtual enriquecido). Contudo, encaro estes modelos como bússolas que me orientam e não como ecossistemas impermeáveis à mudança, suscetíveis de serem modificados de acordo cm o que faça sentido pedagógico.

Em suma,

Por força do COVID19, que trouxe o encerramento das escolas, encontramo-nos num momento ímpar na nossa história da educação. Estamos hoje bem mais capacitados digitalmente, independentemente de estarmos a viver um ensino remoto emergencial (Moreira e outros, 2020a) onde as tecnologias estão a ser usadas mais numa lógica de import/export, de exportar para o EaD as práticas pedagógicas da geografia física, da sala de aula. Daí que faça sentido que primeiramente tenhamos uma atitude disruptiva com o modelo pedagógico centrado no professor enquanto (único) transmissor de conhecimento e ganhemos consciência que o papel do professor se situa mais como um facilitador da aprendizagem. Após essa assunção primária partamos para utilização da tecnologia digital na clara convicção que não é a santa milagreira ou a varinha mágica em que basta usar e temos alunos envolvidos e motivados. Mas partamos ainda na senda da educação digital onlife baseada no hibridismo, isto é, no e com o princípio que a aprendizagem se constrói em todos os ambientes (físico, digital, virtual), numa presença física e digital, num tempo síncrono e assíncrono, com tecnologias analógicas e digitais… a riqueza desta complementaridade é a própria riqueza da vida.

Referências
Anderson, T., & Dron, J. (11 de 2012). Três gerações de pedagogia de Educação a Distância. EaD em foco, pp. 119-134. Obtido de https://doi.org/10.18264/eadf.v2i1.162

Moreira, A. (2021). Ecossistemas de Educação Digital e ambientes híbridos de aprendizagem. https://www.youtube.com/watch?v=V1VUGialbyE

Moreira, A. e outros (2020a). Educação Digital em rede: princípios para o design pedagógico em tempos de pandemia. http://hdl.handle.net/10400.2/9988

Moreira, A. (2020). Era híbrida, educação disruptiva e ambientes de aprendizagem. https://www.youtube.com/watch?v=rxzkv9QW7A8

Moreira, A. (2018). Reconfigurando ecossistemas digitais de aprendizagem com tecnologias audiovisuais. https://www.aunirede.org.br/revista/index.php/emrede/article/view/305

Schlemmer, E.; Moreira, A. (2019). Modalidade da Pós-Graduação Stricto Sensu em discussão: dos modelos de EaD aos ecossistemas de inovação num contexto híbrido e multimodal. Educação Unisinos, https://doi.org/10.4013/edu.2019.234.18205.

 

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