Bibliografia anotada I - Professor online

Il Bibliotecario (1566), de Arcimboldo (c. 1526-1593). Óleo sobre tela, 97 x 71 cm, Coleção do Castelo Skokloster, Suécia. In https://www.ricardocosta.com/artigo/memorial

Na UC de Processos Pedagógicos em eLearning foi solicitada uma bibliografia anotada com 2 itens sobre o papel do professor online enquadrado na temática Pedagogia do eLearning.
Após um longo período de pesquisa, optei por dois textos com abordagens distintas. O 1.º centra-se nas gerações de pedagogia e o 2.º nos tutores online, uma tendência crescente que certamente marcará a história da educação. 

Anderson, T., & Dron, J. (11 de 2012). Três gerações de pedagogia de Educação a Distância. EaD em foco, pp. 119-134. Obtido de https://doi.org/10.18264/eadf.v2i1.162 

Reflexão sobre a EaD propondo-se uma abordagem que concilie as duas tendências dominantes (que alternam entre uma análise assente nas gerações tecnológicas ou nas gerações pedagógicas) “pois estão entrelaçadas em uma dança: a tecnologia marca o ritmo e cria a música, enquanto a tecnologia define os movimentos” (p. 120). É observada esta influência recíproca que exercem à luz das presenças cognitiva, social e de ensino. Existe lugar na EaD para uma aprendizagem de cariz individualizado de cunho cognitivo-behaviorista, de feição social com interações em grupo, marcada pelo socioconstruvismo e ampliada com a chegada da 3ª geração tecnológica, e ainda assente no consumo e produção colaborativa do conhecimento em rede através de encontros dialógicos possibilitados com o advento da 4ª geração, onde “a presença cognitiva é enriquecida pelas interações periféricas e emergentes em redes, em que ex-alunos, profissionais praticantes e outros professores são capazes de observar, comentar e contribuir para a aprendizagem conectivista”.(p. 126,127).

A pertinência do artigo liga-se à clarividência de apresentar a comunhão das três gerações de pedagogia em paralelo com as tecnologias e que as gerações de pedagogia não são autoexclusivas, devendo ser mobilizadas em função do contexto das aprendizagens a desenvolver. Cada geração de pedagogia da EaD transporta-nos para diferentes papéis do professor (transmissor de conhecimento e produtor de conteúdos, orientador e amigo crítico) que continuam a ter lugar nos contextos de aprendizagem online.

Guerreiro, A.; Barros, D.; Morgado, L. (2019). Tutoria com agentes inteligentes                     na educação online. Obtido de http://hdl.handle.net/10400.2/8867

Foca-se no papel dos tutores virtuais no quadro da evolução da IA. Centra-se em estudos baseados num projeto científico, utilizando o método dedutivo no processo de pesquisa bibliográfica e documental.

A criação de um agente virtual de perfil antropomórfico e perfilhando das qualidades humanas determinantes num tutor ou professor humano online (empatia, qualidades científica e didático-pedagógica…), abrange uma equipa multidisciplinar com especialistas de áreas distintas.

Os autores consideram que embora os AVA da EaD permitam a colaboração e interação entre professores, alunos e conteúdos de modo síncrono ou assíncrono, “não são estimulantes e suficientemente interativas para o tipo de estudante existente atualmente no online.” (p. 193). Assim, os agentes inteligentes constituem uma das novas tendências, podendo coexistir vários com papéis distintos (motivador, mentor e o perito) que se complementam e enriquecem o cenário de aprendizagem. São usados com intencionalidade pedagógica e percecionados como um recurso que “contribui para melhorar o sucesso dos alunos e das instituições, devendo procurar capturar a riqueza e dinamismo do comportamento humano e, consequentemente, modelar a razão, inteligência emocional, inteligência social, processos fisiológicos, processos cognitivos e expressão” (p. 187).

A relevância do artigo prende-se com a caracterização e constituição dos agentes inteligentes enquanto tutores e a explicitação das suas funções no quadro da EaD, em particular no ensino superior online. Estamos certamente a viver uma nova geração tecnológica que incide na IA e na criação de tutores inteligentes personalizados para responder às necessidades individualizadas de cada aluno. Neste tempo em que se iniciou a reflexão sobre a IA no processo educativo, é relevante a existência de artigos como o presente pois clarificam a possibilidade das funções dos tutores virtuais e desconstroem a (falsa) ideia de que concorrem para a diminuição de tutores ou mesmo de professores humanos. Os tutores virtuais constituem uma ferramenta complementar ao trabalho do agente humano, não devendo ser encarados como concorrentes ou substitutos. São facilitadores do trabalho de interação e mediação, de fomento à motivação e envolvimento dos alunos na aprendizagem, são, numa palavra, ferramentas. Tenhamos isso bem presente.

Comentários

  1. Olá, Cristina!
    O primeiro texto (uma excelente referência para todos nós, inclusive) traz uma reflexão histórica e contextualizada muito interessante que, como bem disse, não exclui nenhuma das pedagogias. Pelo contrário: procura conciliar o melhor de cada uma. Como se refere Siemens (2005), as necessidades de aprendizagem (variáveis com o tempo e espaço) precisam estar corretamente relacionadas às teorias e princípios mais adequados para garanti-las e devem sempre refletir o ambiente social dos indivíduos.
    Já o 2º texto traz um contributo interessante ao revelar o verdadeiro papel da IA neste contexto: otimizar o trabalho do professor/tutor. Quanto mais dados produz-se todos os dias, mais informação precisa ser analisada. E isso é um processo demorado para o ser humano. Certos tipos de dado, bem organizados e formatados, podem passar pelo crivo da IA para facilitar as análises dos professores e permitir que eles dediquem-se a outras tarefas pedagógicas.
    Obrigado pelas excelentes anotações!

    Siemes, G. (2005). Connectivism: a learning theory for the digital age. [online] Disponível em: http://www.itdl.org/Journal/Jan_05/article01.htm

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares