Na UC de Processos Pedagógicos em
eLearning foi solicitada uma bibliografia anotada com 2 itens sobre o tema
Personal Learning Environment (PLE).
Após um longo período de pesquisa, e condicionada pelos documentos
disponíveis na Internet, optei por dois textos com abordagens distintas.
O 1.º, Personal
Learning Environments – the future of eLearning?, de Graham Attwell é um
texto de referência e bastante citado por diversos autores, que me propiciou a assimilação
do conceito e a reflexão sobre o mesmo.
O 2.º texto, Los
entornos personales de aprendizaje (PLE). Del cómo enseñar al cómo aprender,
foi escolhido pela sua natureza pragmática e ligação à minha atividade
profissional. Com ele aprendi mais sobre como utilizar os PLE em contexto educativo.
Attwell, Graham (2006).
Personal Learning Environments – the future of eLearning? https://www.researchgate.net/publication/228350341_Personal_Learning_Environments-the_future_of_eLearning
Texto centrado
na indagação se os PLE poderão ser úteis ou mesmo centrais para a aprendizagem
no futuro.
Para Attwell,
na criação de um PLE perpassam pressupostos como: aprendizagem ao longo da vida
(acentuada com a presença das novas tecnologias nos locais de trabalho);
aprendizagem contínua e desenvolvida em diferentes contextos e situações;
reconhecimento da aprendizagem informal e o papel do indivíduo na organização e
construção da sua aprendizagem. Um PLE constrói-se em consonância com o estilo
de aprendizagem individual, através das ferramentas de software social.
O
autor levanta ainda outras questões como a transformação da educação ocasionada
pelas mudanças tecnológicas, “hanging technologies are key drivers in
educational change”; a partilha da informação “It is the ability to create, to
share ideas, to join groups, to publish - to create their own identities which
constitute the power and the attraction of the Internet for young people.” (p.4)
e o acesso gratuito ao conhecimento.
Apesar
dos 15 anos que nos separam deste texto, a pertinência e relevância dos
assuntos tratados permanecem atuais. Este é o tempo das pedagogias emergentes,
da aprendizagem informal e da construção coletiva do conhecimento, em que os consumidores
tornam-se eles próprios produtores, através da criação e partilha, reflexões desenvolvidas
por Attwell.
Em Attwell os PLE proporcionam mais responsabilidade e mais independência
aos alunos. Implicam o redesenho do equilíbrio entre a aprendizagem
institucional e a aprendizagem no mundo em geral “Critically, PLEs can bridge
the walled gardens of the educational institutions with the worlds outsider”.
Os PLE não são uma aplicação,
mas sim uma nova abordagem à utilização de novas tecnologias para a
aprendizagem.
Martínez Gimeno, A.
y Torres Barzabal, L. (2013). Los entornos personales de aprendizaje (PLE). Del
cómo enseñar al cómo aprender. EDMETIC, Revista de Educación Mediática y TIC,
2(1), 39-57. https://doi.org/10.21071/edmetic.v2i1
Focam os PLE
como contributo na construção de uma aprendizagem significativa, enquadrada no
construtivismo. As tecnologias digitais são vistas como ferramentas que “al
ser utilizadas en el proceso de aprendizaje, dan como resultado una experiencia
excepcional para el individuo en la construcción de su conocimiento.” (p.43). Mobilizam vários autores de
referência que se debruçaram sobre o conceito de PLE, concluindo que PLE significa
a utilização que se faz da Internet para aprender, através de recursos, pessoas
e ferramentas. Defendem a inexistência de um PLE universal pois “es
fruto de la actividad del individuo y de sus elecciones, gustos y
circunstancias, y se deberá crear según las necesidades de las personas.” (p.50).
Explicitam como criar um PLE,
apresentando os seus pontos fortes e fracos, vantagens e limitações.
Defendem que o professor deve
ajudar o aluno na configuração do seu PLE, tanto na escolha das ferramentas
como na sua utilização. Extraio como exemplos apontados da ligação do PLE à
educação escolar: o controlo e responsabilidade do aluno sobre a sua
aprendizagem, o aumento da presença social, a interação social, a partilha de
experiências e a construção coletiva do conhecimento.
As reflexões contidas neste artigo
permanecem atualizadas e pertinentes, em particular neste tempo pandémico
pautado por encerramentos das escolas que conduziram a um alavancar da educação
digital e da relevância do papel do professor enquanto facilitador e orientador
do aluno na construção do seu PLE. De um PLE que lhe permita desenvolver competências
digitais enquadradas na filosofia da educação aberta. Para tal, é necessário
capacitar tecnologicamente os professores e reforçar as suas competências
metodológicas para incorporarem os PLE na prática educativa, entusiasmando os
alunos a criarem os seus PLE numa perspetiva de autorregulação da aprendizagem inserida
num ambiente flexível de colaboração e intercâmbio.
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