Tema 2 – Tecnologias interativas da web social para a criação de ambientes virtuais de aprendizagem

Em torno de Ambientes Virtuais de Aprendizagem. Plataformas e Tecnologias Digitais. Por onde começar?



Em jeito de introito

Ao longo deste tema desenvolvemos atividades diversificadas que passaram pela leitura e reflexão individual, partilha e debate em fóruns sob a mediação do professor, conferência/debate com a professora Mary Salles, visualização de vídeo  e discussão na plataforma videoant.

As aprendizagens foram sendo consolidadas e agora é altura de as sistematizar tomando por base a minha experiencia profissional e os questionamentos que este tema gerou.

 

Plataformas e Tecnologias Digitais

Enquanto professora considero que não utilizar plataformas e tecnologias digitais é equiparável a continuar a usar ardósia em tempo de expansão dos cadernos. São múltiplos e conhecidos os argumentos: evolução da sociedade, preparação dos jovens para a sociedade digital, para um mundo mais competitivo e em constante renovação e inovação tecnológica (Moreira, Barros&Monteiro, 2015), as TD são o ‘ambiente’ dos nossos alunos… Para Figueiredo (2016, p. 20) “o grande desafio desafio não é […] o de integrar o “digital" na relação ensino-aprendizagem, nem de desenvolver nos jovens competências instrumentais para o “uso” das tecnologias da informação e da comunicação, mas sim o de os preparar para uma pertença cultural plena, madura e ativa na nova era.”

Destes argumentos, ou mesmo de outros que possam ser elencados, interessa-me refletir sobre os ganhos em educação com a utilização das TD. É possível que as TD conduzam a alterações no processo pedagógico ou devem ser as opções pedagógicas a selecionar as TD? Que TD devo usar? Com que fins? Qual o papel do professor na Educação Digital? E o do aluno? Que plataformas devem ser utilizadas?


1. A plataforma ou as plataformas?


No início era o Moodle (estou em 2008).

Complexo e desafiante, conduziu à criação de variadas ações de formação para a capacitação docente. A sua implementação e utilização em contexto escolar variavam consoante o dinamismo e capacidade de ‘convencimento’ de professores (nem sempre de TIC). Numas escolas alcançou sucesso e noutras era algo estranho que alguns professores usavam e procuravam entusiasmar alunos e colegas a segui-los.

Neste início (que é o meu) a utilização da plataforma, é desenvolvida numa lógica de repositório de recursos a rever ou visualizar pelos alunos noutro espaço-tempo que não o da sala de aula. Vem depois a melhoria da capacitação tecnológica e a expansão para o incremento da interatividade e da comunicação através do uso do chat, do fórum, do glossário...

Outras plataformas entram em cena: Classroom, Teams, Escola Virtual, Aula Digital… 2020

A pandemia e o encerramento das escolas trouxe a correria à(s) plataforma(s). 

De repente, todos tinham de estar numa(s) plataforma(s) de gestão de aprendizagem (LMS). 

Qual? Escolhida por quem? Com que critérios e pressupostos?

Uma pluralidade de situações…

Direção do Agrupamento escolheu a plataforma que já era utilizada pela comunidade ou que o acordo comercial alcançado fosse mais vantajoso.

Direção de Agrupamento selecionou uma para a comunicação dentro do Conselho de Turma mas cada professor podia utilizar outra(s).

Direção do Agrupamento deixou ao livre-arbítrio de cada professor.

 

Nestas opções não sei se foram equacionados pressupostos e critérios que considero importantes (um dos desafios do professor Moreira para pensarmos neste tema), tais como:

  1. Abrangência de possibilidades para desenvolver a prática pedagógica de modo a satisfazer, ou ir ao encontro, da intencionalidade pedagógica de cada professor, em consonância com o modelo pedagógico que utiliza.
  2. Capacitação tecnológica dos professores e alunos.
  3. Interação comunicacional entre os atores do processo educativo.
  4. Inclusão de “pacotes” como fórum, chat, wiki, que permitem o desenvolvimento da aprendizagem colaborativa e de ambientes de aprendizagem pessoal.
  5. Segurança.
  6. Inclusão.
  7. Sustentabilidade.

Agora, em tempo de construção do PADDE (plano de ação de desenvolvimento digital das escolas) volta-se a falar da seleção da(s) plataforma(s).


2. Entre a Pedagogia e as Tecnologias Digitais: um viva aos 4Cs - Comunicação, Colaboração, Criatividade e Pensamento Crítico

Conhecemos a sucessão de gerações de pedagogia irmanadas com as gerações tecnológicas - “a tecnologia marca o ritmo e cria a música, enquanto a pedagogia define os movimentos (Anderson & Dron, 2012, p. 120).

É importante encontrar a teoria de aprendizagem, a pedagogia, que se quer seguir e essa é uma tarefa que depende de cada professor: “Como ensinamos reflete o que valorizamos e definimos como aprendizagem.” (Harasim, 2015). 

A educação é reprodução da informação ou o “processo de compreensão do mundo enquanto nos encontramos com ele, usando novas informações e discussões para construir um conhecimento novo e melhor?” (Harasim, 2015). 

O que queremos fazer da educação?

Cenário 1 (frase de colega na sala de professores, 21.05.2021):

“O manual escolar e o quadro bastam-me. Saíram os rankings das escolas e no meu exame os alunos tiveram excelentes resultados. Para quê o resto? Sempre aprenderam ouvindo-me e fazendo exercícios.”

Aprenderam? Aprenderam a reproduzir o pensamento de outro?

Cenário 2 (fictício):

Diversifico as ferramentas digitais que utilizo em função da minha planificação e dos pressupostos pedagógicos que defendo:

Transformação do aluno como sujeito passivo do ensino por um sujeito ativo da aprendizagem (Moreira, Barros&Monteiro, 2015).

Existência de múltiplos papéis do professor: transmissor do conhecimento, facilitador das aprendizagens, mediador e regulador, COMUNICADOR.

Neste cenário, na seleção das TD deve-se:

  1. Evitar ir correr atrás de todas as novas ferramentas. Procurar manter a atualização é importante mas a mudança constante de ferramentas num ecossistema pedagógico digital poderá revelar-se prejudicial, pois os agentes humanos necessitam de tempo para a assimilação e apropriação.
  2. Destacar o agente humano no processo educativo – as TD são auxiliares não as protagonistas (Moreira, 2017) e devem ser usadas na criação de ambientes de aprendizagem mais motivadores, estimulantes e reflexivos (Dias-Trindade, S.&Moreira, J.A., 2017).
  3. Optar por usar TD que permitam a arquitetura de cenários pedagógicos colaborativos (Sales, 2021) em ambientes híbridos de aprendizagem assentes na comunicação entre os agentes humanos, e que promovam a criatividade e o pensamento crítico.
  4. A escolha da TD depende do contexto e da intencionalidade pedagógica. Os alunos e as turmas são diferentes, o que significa que uma TD pode resultar com uns e não com outros. Assim, é preferível a complementaridade entre ferramentas. Revi na exposição da professora Mary Sales sobre a relevância dos podcasts o comentário que uma aluna me fez ao mencionar que usa o material didático que gravei em formato audio durante o percurso de autocarro até à escola.
  5. Encontrar as que possibilitam transformar o processo pedagógico, saindo de um modelo instrucional, ancorado na informação transmitida pelo professor, para um centrado na autonomia do aluno, e no desenvolvimento de competências como a curiosidade, reflexão sobre a sua aprendizagem, trabalho colaborativo (Figueiredo, 2016), que permita desenvolver as competências essenciais para a integração na era digital (Dias-Trindade,S.&Moreira, J.A., 2017).
  6. Proporcionar a alunos e professores a passagem de consumidores a construtores de conteúdos, de recursos educacionais abertos.

 

Plataformas, tecnologias digitais, pedagogia, domínio científico, cruzam-se e desenvolvem-se

na conexão entre dois mundos (físico e online) que se fundem e possibilitam uma educação total (modelos híbridos – Christensen)

OU SEJA

na educação híbrida, “através de processos de inovação sustentada, que permitam combinar diferentes presenças (físicas e digitais), tempos (síncronos e assíncronos), tecnologias (analógicas e digitais), culturas (pré-digital e digital) e, sobretudo, articular diferentes espaços e ambientes de aprendizagem (analógicos e digitais)”  (Moreira&Horta, 2020)

QUE PRIVILEGIA

o processo comunicacional em processos de inovação sustentada que não provoquem a disrupção

E PERSEGUE

Uma educação digital de qualidade para todos e todas.

ONLIFE!

 

Referências

Anderson, T., & Dron, J. (11 de 2012). Três gerações de pedagogia de Educação  a Distância. EaD em foco, pp. 119-134. Obtido de        https://doi.org/10.18264/eadf.v2i1.162.

Dias-Trindade, S.&Carvalho, J.R.História. (2020). Tecnologias digitais e mobile learning: ensinar História na era digital. Imprensa da Universidade de Coimbra. DOI:https://doi.org/10.14195/978-989-26-1705-3 

Figueiredo, A.D. (2016). Por uma escola com futuro… para além do digital. https://www.researchgate.net/publication/309124131_Por_uma_escola_com_futuro_para_alem_do_digital.

Harasim, L. (2015). Educação online e as implicações da inteligência artificial. Revista da FAEEBA – Educação e Contemporaneidade, v. 24, n. 44, p. 25-39.

Moreira, J.A. (2017, janeiro, 1). Tecnologias Digitais a serviço da EaD. https://www.youtube.com/watch?v=rwom222_C4Y&t=170s

Moreira, J.A.; Barros, D.&Monteiro,  A. (2015). Inovação e Formação na Sociedade Digital: ambientes virtuais, tecnologias e serious games. Whitebooks.

Moreira. J.A.&Horta, M.(2020). Educação e Ambientes Híbridos de Aprendizagem. Um processo de inovação sustentada. Revista UFG. DOI: 10.5216/REVUFG.V20.66027

Sales, M.V.(2021). Tecnologias Digitais e o potencial para construção de ecossistemas pedagógicos de aprendizagem. Universidade do Estado da Bahia para Mestrado em Pedagogia do eLearning, Universidade Aberta de Portugal.


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