Reflexão sobre o processo de aprendizagem

 


Sou professora há 33 anos.

Em março de 2020, com o encerramento do ambiente pedagógico físico, reinventei processos de ensino-aprendizagem ancorados na minha capacitação tecnológica, imaginação, criatividade e experiência. Contudo, ciente da minhas fragilidades no que respeita ao desenho de contextos pedagógicos em eLearning, por nunca os ter explorado num contexto integral, e munida da vontade de aprender, discutir e melhorar, encarei esta unidade curricular – Processos Pedagógicos em eLearning – como uma grande oportunidade de reflexão partilhada sobre a prática docente online e, sobretudo, de criação pessoal de cenários e espaços virtuais de aprendizagem online.
Findo o processo, o balanço que faço da minha aprendizagem é bastante positivo. Domino agora melhor a construção de desenhos de ações pedagógicas online, sinto-me mais hábil a criticar os meus cenários pedagógicos e penso que adquiri ferramentas para ser mais e melhor professora em contextos pedagógicos totalmente online ou híbridos de acordo com as aprendizagens que desejo promover.
 
Revejo o caminho desenvolvido nesta UC…
Ao longo da Unidade Curricular de Processos Pedagógicos em eLearning desenvolvi individualmente e em grupo todos os trabalhos solicitados, participando nas sessões de trabalho síncronas e nos fóruns de discussão. Cada etapa foi sendo colocada neste blogue que alimentei ao longo do Mestrado. 
Cada temática do contrato de aprendizagem pode ser vista como uma peça do puzzle que culminou na criação do desenho de da aprendizagen online. São essas peças que revisito agora procurando destacar as contribuições mais relevantes para o meu processo de aprendizagem, como é sugerido no Contrato de Aprendizagem da UC.
 
Temática I – A Pedagogia do eLearning
Observo esta primeira temática como a revisão e aprofundamento de conceitos aflorados na UC de Modelos de Educação a Distância, onde a problematização referente ao papel do professor em contexto online constituiu o cerne da investigação.
Neste encontro inicial com a UC foram propostas duas tarefas.
A primeira incidiu na construção de uma bibliografia anotada sobre dois artefactos. Desconhecia esta técnica de trabalho assente em descrições curtas de caráter avaliativo sobre a obra analisada. Após a apropriação teórica da ferramenta a escolha das obras a apresentar não foi fácil pois encontrei vários textos muito interessantes. A escolha recaiu então na procura de artigos de relevância que abordassem assuntos distintos e que fossem ao encontro das minhas necessidades pessoais de aprofundamento e interesse.
Quis aprofundar as gerações de pedagogia de Educação a Distância, deixando assim emergir a minha faceta de professora de História que procura encontrar o fio dos acontecimentos. Para tal, considerei que o texto Três gerações de pedagogia de Educação a Distância, de Anderson e Dron, seria um dos indicados. Com ele perspetivei com maior clarividência a ligação entre gerações tecnológicas e gerações pedagógicas e retomo uma das frases que me marcou
“pois estão entrelaçadas em uma dança: a tecnologia marca o ritmo e cria a música, enquanto a tecnologia define os movimentos” (p. 120).
O segundo artefacto é, para mim, um certo vislumbre do futuro aqui tão perto pois foca-se no papel dos tutores virtuais no quadro da evolução da Inteligência Artificial. Rompendo com arautos de profecias anunciadoras do fim da classe docente e da sua substituição por algoritmos, o texto escolhido Tutoria com agentes inteligentes na educação online, de Guerreiro, Barros e Morgado revelou-se uma opção correta de análise pois cimentou a minha reflexão ao encontrar o lugar que o tutor virtual online deve e pode ter nos cenários pedagógicos de eLearning, sendo então ferramenta complementar ao trabalho do agente humano, não devendo ser encarado como concorrente ou substituto. Os tutores virtuais são facilitadores do trabalho de interação e mediação, de fomento à motivação e envolvimento dos alunos na aprendizagem, são, numa palavra, ferramentas ao serviço do professor e dos alunos.
Na segunda tarefa foi aprofundado o papel do professor online. Criado a pares com a Virgínia Moreira, numa apresentação eletrónica cuidada, o nosso artefacto intitulado Ser Professor Online pretendeu apresentar a evolução histórica da noção de professor online, os modelos e teorizações sobre o seu papel e uma reflexão sobre o lugar  do professor no presente tendo por base três interrogações: (i) De que modo a tecnologia e a pedagogia influenciam o papel do professor online? (ii) Que modelos e teorizações conduziriam à formação do conceito de professor online? (iii) Que perspetivas, ameaças e oportunidades oferece a sociedade atual ao professor? Hoje, não é possível falar em educação sem nos referirmos à utilização das tecnologias digitais. A pandemia acelerou a necessidade / oportunidade dos professores e estudantes emergirem nesta Educação Digital, especialmente, nos cenários e realidades dos ambientes digitais de ensino e aprendizagem síncronos assíncronos (Moreira & Schlemmer, 2020). Nesta era em que o digital e o virtual invadiram o ambiente físico das salas de aulas, afigura-se urgente refletir sobre os modelos pedagógicos ancorados na tecnologia, na certeza que a tecnologia sozinha não muda as práticas pedagógicas (Moreira & Schlemmer, 2020).
 
Temática II – Os Personal Learning Environments
A primeira abordagem a esta temática implicou um novo processo de construção de bibliografia anotada com 2 itens sobre o tema Personal Learning Environment (PLE).
Após um longo período de pesquisa, e condicionada pelos documentos disponíveis na Internet, optei por dois textos com abordagens distintas.
O 1.º texto, Personal Learning Environments – the future of eLearning?, de Graham Attwell é um texto de referência e bastante citado por diversos autores, que me propiciou a assimilação do conceito e a reflexão sobre o mesmo.
O 2.º texto, Los entornos personales de aprendizaje (PLE). Del cómo enseñar al cómo aprender, foi escolhido pela sua natureza pragmática e ligação à minha atividade profissional. Com ele aprendi mais sobre como utilizar os PLE em contexto educativo.
Nesta era digital, cada ator virtual tem os seus próprios espaços de aprendizagem e de lazer. Refletir sobre os meus espaços virtuais constituiu uma tarefa deveras interessante e estimulante que nunca tinha encarado desenvolver.
Entenda-se por Personal Learning Environment ou Ambientes Pessoais de Aprendizagem (APA) a incorporação de ferramentas Web 2.0 na aprendizagem, tratando-se de um ambiente personalizado, centrado no quadro de aprendizagem que cada um desenvolve por si próprio, no seu processo construtivo, ancorado nas opções que escolhe, em consonância com a sua satisfação/procura intelectual, profissional, pessoal, social... 
Assim, cada um torna-se agente do seu processo de aprendizagem, selecionando os seus objetivos, conteúdos e forma de comunicação com o outro. É o cenário das experiências de aprendizagem, formais e informais, de pesquisas solitárias e de trabalho colaborativo, da comunicação com o outro, sendo que das interações estabelecidas (com ferramentas, conteúdos e pessoas) emerge o conhecimento.
o resultado da atividade do indivíduo e das suas escolhas, gostos e  circunstâncias, e deve ser criado de acordo com as necessidades do indivíduo. (Adell, 2011).
Na construção e fundamentação do meu PLE centrei-me em seis categorias de ‘arrumação’ das ferramentas que utilizo atualmente de forma regular, sistemática e contínua no meu processo de aprendizagem.
A representação visual que criei facilitou a minha reflexão pessoal sobre as ferramentas que uso no meu processo de aprendizagem
 
Temática III – Desenho da Aprendizagem online
Este momento foi organizado em 3 partes distintas, com objetivos específicos e que concorreram para o desafio final, a criação de um desenho de aprendizagem online.
No 1.º momento foi feita a exploração de um espaço interativo de aprendizagem, DEEP, Design de Estratégias Pedagógicas. Funcionando como um jogo imersivo, fomos convidados a refletir sobre as nossas práticas pedagógicas ao percorrermos diferentes cenários. Como acolhemos os alunos? Como passamos a informação? Como é a sala de aula que dinamizamos? O que faz o aluno na sala de aula? Estas são algumas das interrogações quem conduziram a reflexões sobre os processos pedagógicos. Apesar de ter enfrentado problemas no decorrer do DEEP devido a questões técnicas, reconheço a sua potencialidade e ponto de partida para as reflexões (e inquietações) individuais.
O 2.º momento continuou a provocar a reflexão individual ao sermos confrontados com quatro espaços onde inserimos os recursos e atividades exemplificativos da nossa prática.
Sala de aula virtual síncrona – recursos
Sala de aula virtual síncrona – atividades
Sala de aula virtual assíncrona – recursos
Sala de aula virtual assíncrona – atividades
Foi interessante constatar a similitude entre os ambientes síncronos e assíncronos no que respeita à utilização de recursos e desenvolvimento de atividades. Também se denotou alguma confusão entre as noções de recurso e atividade e dificuldade na apropriação dos ícones apresentados pela professora Paula Carolei. Estes obstáculos foram sendo ultrapassados com os vídeos e powerpoints apresentados e as sessões síncronas com a professora.
Observo o 3.º momento como o corolário das etapas anteriores. O meu desenho de aprendizagem online – HCA em ambiente híbrido gamificado – teve como ponto de partida o desenvolvimento de um cenário pedagógico que iniciei noutra unidade curricular. A representação visual constituiu uma tarefa árdua mas apoiada no feedback fornecido pela professora. Apesar da minha estranheza inicial face à proposta de trabalho, considero agora que a representação visual facilita a minha reflexão sobre o cenário pedagógico que pretendo implementar em consonância com a minha intencionalidade. 
 
Em suma,
Termino a Unidade Curricular de Processos Pedagógicos em eLearning com a clara convicção que estou mais capaz de identificar e discutir ideias fulcrais sobre Pedagogia do eLearning, nomeadamente a criação de cenários de aprendizagem em ambientes online e/ou híbridos ancorados em propostas estimulantes que promovam a interatividade e a colaboração entre alunos. Considero que este é um dos grandes desafios da educação atual.

 
Referências Bibliográficas
Adell, J. (2011). Sobre Entornos Personales de Aprendizaje. Obtido de: http://es.calameo.com/read/00057299632ce8b79e66e.

Anderson, T., & Dron, J. (11 de 2012). Três gerações de pedagogia de Educação a Distância. EaD em foco, pp. 119-134. Obtido de https://doi.org/10.18264/eadf.v2i1.162 .

Guerreiro, A.; Barros, D.; Morgado, L. (2019). Tutoria com agentes inteligentes  na educação online. Obtido de http://hdl.handle.net/10400.2/8867.

Moreira, J. A. ., & Schlemmer, E. (2020). Por um novo conceito e paradigma de educação digital onlife. Revista UFG20(26). https://doi.org/10.5216/revufg.v20.63438

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